30 de dezembro de 2016

FESTEJAMOS A SAGRADA FAMÍLIA EM 30 DE DEZEMBRO. CONFIRA.

 

 

 
 
A Sagrada Família é o termo usado para designar a família de Jesus de Nazaré, composta segundo a Bíblia por José, Maria e Jesus. A sua festa no calendário litúrgico é celebrada no domingo que fica na Oitava do Natal.
 
Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imita-la.

Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo. Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que serviu a Jesus para Se revelar ao mundo.
 
Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e ser discípulos de Cristo. Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas!
 
 
 
 

Mas estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.

Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo. Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê.

Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social.

Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano; restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos econômicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo Nosso Senhor.
 
 
 
 
 
 
João Paulo II, na Carta dirigida à família, por ocasião do Ano Internacional da Família, 1994, escreve:
 
A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou que a santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época não faltam testemunhas do “evangelho da família”, mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja…
 
A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e José, Guarda e Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção.
 
 
 
 
Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!

28 de dezembro de 2016

ONDE ESTÁ A FILA PARA VER JESUS?. UMA CANÇÃO PARA MEDITARMOS SOBRE O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL: JESUS CRISTO.

 
(CLICAR NA IMAGEM PARA ASSISTIR AO VÍDEO)
 

 
 
 
OU CLICAR NO LINK DO CANAL YOU TUBE
 
 
 
Uma canção para meditarmos sobre o
Verdadeiro sentido do Natal:
 o Nascimento do Menino Jesus.



ONDE ESTÁ A FILA PARA VER JESUS?


O Natal se aproximava e todo ano é assim:
pessoas compram presentes,
filas no shopping que não tem fim.
Muitos à espera de um homem vestido de Noel;
Não esqueço uma criança que veio me perguntar:
ONDE ESTÁ A FILA PARA VER JESUS?
NÃO CONSIGO ENCONTRAR!
SE FOI JESUS QUE NASCEU NO NATAL,
PORQUE NÃO O VEMOS MAIS?
Eu fiquei sem palavras! Que mensagem profunda!
Quando olhei para agradecer,
a criança já não estava mais.
Será que aquela criança
era um anjo do céu?
Meus olhos se encheram de lágrimas,
agora ouço esse anjo a cantar:

ONDE ESTÁ A FILA PARA VER JESUS?
NÃO CONSIGO ENCONTRAR!
SE FOI JESUS QUE NASCEU NO NATAL,
PORQUE NÃO O VEMOS MAIS?
ONDE ESTÁ A FILA PARA VER JESUS?
ELE NASCEU PARA NÓS!
NOEL SÓ VEIO TOMAR SEU LUGAR,
MAS CRISTO DEU SUA VIDA POR NÓS.

O Natal sempre foi e sempre será
"O Nascimento de Jesus".
E ao som da trombeta
Ele voltará buscar os Filhos da Luz.

VAMOS CANTAR AO MENINO JESUS!
ELE JÁ ESTÁ PRA CHEGAR!
ABRE A PORTA DO SEU CORAÇÃO
E DEIXE-O ENTRAR!
VAMOS CANTAR AO MENINO JESUS!
ELE NASCEU PARA NÓS!
NOEL SÓ VEIO TOMAR SEU LUGAR,
MAS CRISTO DEU SUA VIDA POR NÓS.
NO NATAL...NO NATAL...
NO NATAL NASCEU O SALVADOR!
 
 
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ASSISTA A VERSÃO EM PORTUGUÊS
 
 
ONDE ESTÁ A FILA PARA VER JESUS
- Versão da música
Where's the Line to See Jesus - Becky Kelley
Letra: Janete Moura
Cantam: Janete Moura/ Odete Conceição
- Edição (vídeo): Alex Conceição




 

OS SANTOS INOCENTES SÃO CELEBRADOS EM 28 DE DEZEMBRO. MENINOS QUE MORRERAM POR CRISTO.




 
 
 
OS SANTOS INOCENTES
SÃO CELEBRADOS EM 28 DE DEZEMBRO,
FORAM OS MENINOS QUE MORRERAM
POR NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
 
 
 
 
Ainda não falam, e já confessam Cristo. Ainda não podem entabular batalha, valendo-se dos seus próprios membros, e já conseguem a palma da vitória”, disse uma vez São Quodvultdeus (século V) ao exortar os fiéis sobre os Santos Inocentes, as crianças que morreram por Cristo e cuja festa se celebra neste 28 de dezembro.








SANTOS INOCENTES




A festa de hoje, instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras.
 
Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, "encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes - ouro, incenso e mirra.
 
E, tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra.
 
Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: 'Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar'. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. E lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: 'Do Egito chamarei o meu filho'.
 
Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: 'Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem'" (Mt 2,11-20) Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.


Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um "bispo", estes cantorzinhos apoderavam-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores.
 
Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o "derrubado" oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas. 

 





A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de "pequenos inocentes": crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.



Santos Inocentes, rogai por nós!


 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE:
 
 
 
 
 
 
 COMENTÁRIO


 
Sua voz, poeta, ergueu-se mais uma vez, altiva e solidária, numa homenagem fundamental às crianças do mundo de Deus!

Hoje, mais que nunca, desejamos que o simbolismo desta data mobilize os brasileiros para a luta em defesa dos direitos das nossas crianças, dos nossos adolescentes, dos nossos Santos Inocentes.

A Esquina da Arte, fiel à missão de acolher e educar, compartilha desta mensagem e junta-se aos verdadeiros cidadãos no enfrentamento à violência contra os pequeninos.

Vinde a mim as criancinhas, disse Jesus. Cabe-nos protegê-las com nossas forças e nossa fé. 
 
 
 
Luiz Lemme.
 
 
 
 
 
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27 de dezembro de 2016

27 DE DEZEMBRO FESTEJAMOS SÃO JOÃO EVANGELISTA, O DISCÍPULO AMADO.

 
 

 


 
 
 
 
O nome deste evangelista significa: "Deus é misericordioso": uma profecia que foi se cumprindo na vida do mais jovem dos apóstolos. Filho de Zebedeu e de Salomé, irmão de Tiago Maior, ele também era pescador, como Pedro e André; nasceu em Betsaida e ocupou um lugar de primeiro plano entre os apóstolos.
Jesus teve tal predileção por João que este assinalava-se como "o discípulo que Jesus amava".
 
O apóstolo São João foi quem, na Santa Ceia, reclinou a cabeça sobre o peito do Mestre e, foi também a João, que se encontrava ao pé da Cruz ao lado da Virgem Santíssima, que Jesus disse: "Filho, eis aí a tua mãe" e, olhando para Maria disse: "Mulher, eis aí o teu filho". (Jo 19,26s). 

 Quando Jesus se transfigurou, foi João, juntamente com Pedro e Tiago, que estava lá. João é sempre o homem da elevação espiritual, mas não era fantasioso e delicado, tanto que Jesus chamou a ele e a seu irmão Tiago de Boanerges, que significa "filho do trovão".

João esteve desterrado em Patmos, por ter dado testemunho de Jesus. Deve ter isto acontecido durante a perseguição de Domiciano (81-96 dC). O sucessor deste, o benigno e já quase ancião Nerva (96-98), concedeu anistia geral; em virtude dela pôde João voltar a Éfeso (centro de sua atividade apostólica durante muito tempo, conhecida atualmente como Turquia). Lá o coloca a tradição cristã da primeiríssima hora, cujo valor histórico é irrecusável. 
 
 
 
 

O Apocalipse e as três cartas de João testemunham igualmente que o autor vivia na Ásia e lá gozava de extraordinária autoridade. E não era para menos. Em nenhuma outra parte do mundo, nem sequer em Roma, havia já apóstolos que sobrevivessem. E é de imaginar a veneração que tinham os cristãos dos fins do século I por aquele ancião, que tinha ouvido falar o Senhor Jesus, e O tinha visto com os próprios olhos, e Lhe tinha tocado com as próprias mãos, e O tinha contemplado na sua vida terrena e depois de ressuscitado, e presenciara a sua Ascensão aos céus. Por isso, o valor dos seus ensinamentos e o peso de das suas afirmações não podiam deixar de ser excepcionais e mesmo únicos. 

Dele dependem (na sua doutrina, na sua espiritualidade e na suave unção cristocêntrica dos escritos) os Santos Padres daquela primeira geração pós-apostólica que com ele trataram pessoalmente ou se formaram na fé cristã com os que tinham vivido com ele, como S. Pápias de Hierápole, S. Policarpo de Esmirna, Santo Inácio de Antioquia e Santo Ireneu de Lião. E são estas precisamente as fontes donde vêm as melhores informações que a Tradição nos transmitiu acerca desta última etapa da vida do apóstolo.

São João, já como um ancião, depara-se com uma terrível situação para a Igreja, Esposa de Cristo: perseguições individuais por parte de Nero e perseguições para toda a Igreja por parte de seu sucessor, o Imperador Domiciano. 

Além destas perseguições, ainda havia o cúmulo de heresias que desentranhava o movimento religioso gnóstico, nascido e propagado fora e dentro da Igreja, procurando corroer a essência mesma do Cristianismo. 




Nesta situação, Deus concede ao único sobrevivente dos que conviveram com o Mestre, a missão de ser o pilar básico da sua Igreja naquela hora terrível. E assim o foi. Para aquela hora, e para as gerações futuras também. Com a sua pregação e os seus escritos ficava assegurado o porvir glorioso da Igreja, entrevisto por ele nas suas visões de Patmos e cantado em seguida no Apocalipse.

Completada a sua obra, o santo evangelista morreu quase centenário, sem que nós saibamos a data exata. Foi no fim do primeiro século ou, quando muito, nos princípios do segundo, em tempo de Trajano (98-117 dC). 

Três são as obras saídas da sua pena incluídas no cânone do Novo Testamento: o quarto Evangelho, o Apocalipse e as três cartas que têm o seu nome.
 





 São João Evangelista, rogai por nós!






DOIS IRMÃOS - RESUMO DA OBRA DE MILTON HATOUM. A NOVA MINISSÉRIE DA REDE GLOBO.

 
Juliana Paes no lançamento da minissérie
'Dois Irmãos' (Foto: Anderson Barros / EGO)

Cauã Reymond no lançamento da minissérie
'Dois Irmãos'
(Foto: Anderson Barros / EGO)
 
 
Maria Fernanda Cândido no lançamento da minissérie
'Dois Irmãos' (Foto: Anderson Barros / EGO).
 
 

DOIS IRMÃOS
 
Amores, desafetos e muitos, muitos conflitos... É isso que o público pode esperar de Dois Irmãos, a nova minissérie da Globo que estreia em janeiro. Para lançar a obra de Milton Hatoum, adaptada por Maria Camargo, com direção artística de Luiz Fernando Carvalho, elenco e equipe se reuniram na Urca, no Rio de Janeiro.
Segundo o diretor, a expectativa que tinha do trabalho foi alcançada. "Sei até onde o grupo chegou nesta relação tão delicada com a literatura. Uma dramaturgia excepcional com os atores em conjunto. Espero que vocês sintam isso e que viajem", disse ele.
Dois irmãos – Resumo da obra de Milton Hatoum

 
 


 
 
 
 

A ruína de uma família

O romance “Dois Irmãos”, publicado em 2000, rompeu um silêncio de 11 anos que Milton Hatoum vinha mantendo desde “Relato de um Certo Oriente”, sua estreia como romancista. O autor costuma dizer, em entrevistas, que “cada livro nos ensina a escrever”. Se sua afirmação for levada ao pé da letra, nenhum livro lhe ensinou tanto quanto “Dois Irmãos”. Nessa obra, Hatoum demonstra grande domínio da técnica da ficção, num estilo mais enxuto que o da primeira obra e, ao mesmo tempo, repleto de nuanças e sutilezas.
 
A trama gira em torno da tumultuada relação entre dois irmãos gêmeos, Yaqub e Omar, em uma família de origem libanesa que vive em Manaus. Ao contar a história de dois irmãos que são inimigos um do outro, Hatoum reinventa um dos temas mais clássicos da literatura mundial. Assim, ele traz à tona histórias como a de Caim e Abel do Velho Testamento, e a de Pedro e Paulo do romance “Esaú e Jacó”, de Machado de Assis. Aliás, a referência ao texto de Machado é explícita em “Dois Irmãos”, pois a descrição de Rânia, que é apaixonada por seus irmãos, é a mesma que Machado utiliza para descrever Flora, que é apaixonada por Pedro e Paulo.
 
O ambiente que forma o pano de fundo da história é o de imigrantes que se dedicam ao comércio, numa cidade que vê aprofundar-se sua decadência, após o período de grande efervescência econômica e cultural vivido no início do século XX. A cidade de Manaus tem grande importância dentro da obra e sua história é contada pelo narrador juntamente com o desenrolar do enredo. As personagens estão intimamente ligadas ao meio em que vivem e a história de Manaus está intimamente ligada à de Halim. Ao longo dos trinta anos que se passam durante a narrativa, a cidade entra em decadência e é destruída, sendo novamente reconstruída. O narrador Nael procura a cidade em que vivia na infância, mas já não a reconhece mais porque ela não existe. Assim, ele se volta para o passado e recorre aos fatos contados por Halim para redescobrir Manaus.
Em certo momento do romance, acompanha-se a tristeza de Halim ao acompanhar a destruição da cidade flutuante. Este era um bairro que flutuava sobre o Rio Negro e era um espaço que trazia muitas lembranças e alegrias para Halim. Assim, acompanha-se a destruição gradual de Manaus juntamente com a ruína de Halim e sua família.
 
Narrador

O romance é narrado em primeira pessoa pelo narrador-personagem Nael, filho de Domingas. O objetivo que leva Nael a contar a história dos irmãos Yaqub e Omar é descobrir a identidade de seu pai. Durante toda a narrativa, ele busca conquistar e persuadir o leitor de forma que esse aceite o ponto de vista do narrador. Para tanto, ele utiliza um discurso muito mais racional do que emotivo, dando um tom de veracidade a seu depoimento.
 
Porém, o ponto de vista que ele adota é o de filho da empregada que foi explorada pela família e abusada. Além disso, ele tem um inconformismo por não ser reconhecido pela família de Halim e Zana como um membro dessa família, embora eles soubessem que na verdade ele o era. Assim, a narrativa dá margens ao leitor para interpretar os relatos de Nael como sendo fruto de uma perspectiva distorcida da realidade.
 
Tempo

A narrativa apresenta avanços e recuos no tempo, sem uma cronologia linear. Os problemas vão sendo revelados ao leitor aos poucos, conforme o narrador rememora fatos esclarecedores e os encadeia para solucionar (ou deixar em suspensão) os enigmas da história.
   
 
Resumo

O livro começa com uma breve introdução onde narra-se a morte de Zana, mãe dos gêmeos Yaqub e Omar (o Caçula), em situação de enorme angústia. Na cena descrita, o silêncio que responde negativamente à última pergunta da mulher (“Meus filhos já fizeram as pazes?”) coincide com o fim do dia.

 
O primeiro capítulo começa com a volta do jovem Yaqub de uma viagem forçada ao Líbano. Pode-se concluir que essa ação se passa em 1945, no fim da II Guerra Mundial, pois o porto do Rio de Janeiro está “apinhado de parentes de pracinhas e oficiais que regressavam da Itália”. O motivo da viagem ao Líbano é esclarecido posteriormente em um recuo cronológico: a tentativa de separar os gêmeos e evitar o conflito entre eles. As diferenças entre os personagens, que parecem vir do berço ou ter começado em sua mais remota infância, tornam-se cada vez mais acentuadas.
 
A primeira disputa séria entre os irmãos tem como pivô Lívia, uma garota pela qual os dois se apaixonam. Numa primeira ocasião (o baile dos jovens), a mãe ordena a Yaqub que leve a irmã Rânia para casa, o que favorece Omar. O troco não demora a chegar: numa sessão de cinematógrafo na casa dos vizinhos, uma pane no equipamento deixa a sala escura. Quando as luzes se acendem, os lábios de Lívia estão colados ao rosto de Yaqub. Omar se vinga quebrando uma garrafa e cortando, com ela, o rosto do irmão. A cicatriz em forma de meia-lua será uma marca do ódio perene entre ambos.
 
Os pais percebem que o incidente pode despertar uma série de vinganças entre os dois e, para evitar isso, mandam Yaqub a uma aldeia remota no Líbano. A estratégia resulta inútil, pois a única coisa que não muda em Yaqub, ao voltar para o Brasil, é o ódio que sente do irmão; o mesmo pode ser dito de Omar.

Yaqub chega da viagem e se aferra aos estudos, revelando-se um matemático excelente. O irmão, que permanecera sob os cuidados da mãe, mostra-se irrequieto e indisciplinado.

 
Durante uma aula de matemática, o Caçula agride o professor Bolislau, o preferido de Yaqub, e é expulso do colégio dos padres. Vai para uma escola de reputação duvidosa – Liceu Rui Barbosa, o Águia de Haia, conhecido como “Galinheiro dos Vândalos”. Lá, conhece o professor Antenor Laval, admirador de poetas simbolistas franceses e defensor da liberdade.
 
Em contrapartida, o sucesso de Yaqub tem como prêmio uma viagem a São Paulo, a fim de que possa aprimorar os estudos. Seu professor de matemática, o padre Bolislau, ajuda-o a decidir-se pela partida, ao dizer: “Se ficares aqui, serás derrotado pela província e devorado pelo teu irmão”. Antes de seguir, Yaqub tem um encontro amoroso com Lívia.
 
De São Paulo, Yaqub envia cartas cada vez mais lacônicas. Forma-se em engenharia, prospera profissionalmente e casa-se. Enquanto isso, um Halim velho e nostálgico fala sobre o passado ao narrador. Conta como foi o nascimento dos filhos e a abertura de sua loja. Afirma, também, que a vinda dos filhos o incomodou, pois sentia que eles lhe roubavam a atenção da mulher, principalmente o Caçula.
 
Omar torna-se boêmio, entrega-se a festas e a bebedeiras, terminando sempre suas noitadas estirado numa rede da casa, onde permanece grande parte do dia. Na noite em que traz uma mulher para casa, isso ultrapassa os limites até mesmo de seu permissivo pai. Halim levanta-se e expulsa a desconhecida, que dormia na sala. Depois, arrasta o filho pelo cabelo, dá-lhe uma bofetada, prende-o ao cofre e parte por dois dias.
 
Quando Omar leva formalmente outra mulher, Dália, para casa, Zana antevê nela uma potencial concorrente, por isso a expulsa. O Caçula parte atrás de Dália, que descobrem ser uma das Mulheres Prateadas, grupo de dançarinas amazonenses que se apresentava em uma casa noturna.
 
Após o episódio da mulher prateada, Zana decide enviar Omar a São Paulo. Yaqub nega-se a abrigar o irmão, mas se propõe a alugar para ele um quarto numa pensão e matriculá-lo num colégio particular. O Caçula parte para São Paulo e, durante algum tempo, porta-se de maneira exemplar.
 
De repente, chega a notícia de seu desaparecimento. Algum tempo depois, descobre-se que ele se envolvera com a empregada de Yaqub para ter acesso à casa do irmão. Ao chegar lá, descobrira que a mulher de Yaqub não era outra senão Lívia, alvo das disputas infantis dos gêmeos. Tomado pela raiva, Omar cobrira as fotos de Yaqub e de sua mulher com desenhos obscenos. Roubara também 820 dólares do irmão, mais o seu passaporte, e viajara para os Estados Unidos.
 
Numa visita de Yaqub à família, em Manaus, o narrador observa sua mãe e o visitante de mãos dadas e desconfia ter descoberto a identidade de seu pai. De volta a São Paulo, o gêmeo mais velho prospera cada vez mais.
 
Omar retorna a Manaus, onde se envolve em atividades de contrabando e com uma mulata conhecida como Pau-Mulato. Depois foge de casa por longo tempo.
 
Halim decide procurar o Caçula, mas a busca, que dura meses, não surte resultado. É Zana quem dá o passo decisivo para encontrar o filho: procura um velho peixeiro manco, o Perna-de-Sapo, que conhecia a floresta como ninguém. Em pouco tempo, o homem descobre o paradeiro de Omar. Zana vai atrás dele e, após uma discussão, o traz para casa.
 
O narrador revela sua paixão por Rânia, que, no entanto, só irá conceder a ele uma única noite de amor. Halim envelhece, e a presença definitiva do Caçula o deixa pouco à vontade em casa. Zana pede a Nael, o narrador, que acompanhe o filho em suas noitadas.
 
Outra faceta de Omar é narrada no episódio de prisão e morte do professor Antenor Laval. Em abril de 1964, logo após o golpe militar, Laval é espancado por policiais em praça pública e preso. Dois dias depois, sabe-se que está morto. Omar, abalado com o destino do mestre, fecha-se em luto e deixa temporariamente as noitadas.
 
Halim se entrega cada vez mais ao passado e sai de casa frequentemente, para longas caminhadas pela cidade, sempre seguido por Nael. Até que, na véspera do Natal de 1968, só volta de madrugada, depois que todos já dormiam. De manhã, os familiares o encontram: sentado sobre o sofá, não respira mais. Omar dirige, então, grandes ofensas em direção ao corpo do pai.
 
Vizinhos chegam a tempo de impedir o filho de atacar o cadáver. Yaqub envia para o enterro uma coroa de flores e um epitáfio: “Saudades do meu pai, que mesmo à distância sempre esteve presente”. Zana, pela primeira vez, trata Omar com dureza e o repreende severamente.
Omar passa a trazer para casa um indiano chamado Rochiram, que pretende construir um hotel em Manaus. Zana vê aí a possibilidade de reconciliar os dois irmãos.

O Caçula prevê as intenções da mãe e tenta esconder inutilmente o indiano. Por carta, Zana chama Yaqub, que, após algum tempo, aparece secretamente em Manaus e se hospeda num hotel isolado. Está associado a Rochiram. Numa manhã, Yaqub surge na casa e deita-se na rede, chamando Domingas para sentar-se a seu lado. Nesse instante, Omar irrompe na varanda e agride brutalmente o irmão indefeso. Rasga também seus projetos para a construção do hotel. Os planos de Zana vão por água abaixo: Yaqub tentara trair o irmão, que descobrira tudo e o teria matado se não fosse a interferência de Nael e dos vizinhos.
 
Para piorar a situação, o fracasso do projeto resulta em gigantesca dívida com o empresário indiano. Pouco tempo após o conflito, Domingas fica doente e morre. Antes, revelara ao filho que, no passado, fora estuprada por Omar.
 
Rânia prepara um bangalô para levar a mãe, que resiste a abandonar o velho lar. Um dia, Rochiram aparece e pede a casa como forma de acerto da dívida. A sugestão viera de Yaqub. Omar torna-se um foragido, porque a agressão fora denunciada pelo irmão à polícia. Nesse tempo, ocorre a morte de Zana. Uma pequena parte da casa, nos fundos, torna-se posse de Nael. “Tua herança”, afirma-lhe Rânia.

Numa tarde, Omar aparece diante de Rânia. A irmã não tem tempo de falar com ele, já que policiais estavam à espreita e o capturam, depois de agredi-lo.
 
O narrador cita rapidamente a morte de Yaqub. Omar sai da cadeia pouco antes de cumprir sua pena. Na última cena do romance, chove torrencialmente e o Caçula aparece diante do narrador. Olha fixamente para Nael, parece estar a um passo de pedir perdão, mas recua e parte lentamente.
 
 
 
Lista das principais personagens
 

Zana: esposa de Halim e mãe dos gêmeos Yaqub e Omar. É dominadora e forte, molda o destino do marido e dos filhos.
 
Halim: melhorou de vida ao se casar com Zana.
Yaqub: irmão gêmeo de Omar, é mandado para o Líbano aos 13 anos para ser separado de seu irmão e evitar o conflito entre os dois. De volta ao Brasil, torna-se engenheiro e casa-se com Lívia. É alto e vistoso, de rosto angular, cabelo ondulado e preto, olhos castanhos.
 
Omar (o Caçula): nasceu pouco depois de seu irmão Yaqub. Fisicamente é idêntico ao irmão, mas tem comportamento e caráter bem diferentes dele. Protegido pela mãe, torna-se rival do pai e do irmão.
 
Rânia: irmã mais nova dos gêmeos, decide não se casar e dedicar-se inteiramente ao comércio.
 
Lívia: por causa dela os gêmeos têm a primeira briga séria e Omar corta a face de Yaqub com uma garrafa quebrada. Ela vai embora para São Paulo e mais tarde casa-se às escondidas com Yaqub.
 
Domingas: órfã que foi morar na casa de Halim e Zana como empregada.
 
Nael: filho de domingas, é narrador da história. Filho de um dos gêmeos, mas não se tem certeza de qual deles.
 
Dália: dançarina por quem Omar se apaixona. Zana consegue fazer com que ela sumisse.
 
Pau-Mulato: negra alta e forte por quem Omar se apaixona. Os dois fogem de casa, mas Zana consegue novamente desfazer o romance do filho.

 
 
 
 
 
 
 
Sobre Milton Hatoum
 

Filho de imigrantes libaneses, Milton Hatoum nasceu em Manaus, Amazonas, em 19 de agosto de 1952. Na década de 1970, viveu em São Paulo, onde cursou arquitetura na Universidade de São Paulo (USP).


Em seguida, direcionou-se para os estudos literários. Nos anos 1980, depois de morar na Espanha, foi para a França e fez pós-graduação na Universidade de Paris III. De volta a Manaus, lecionou língua e literatura francesas na Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

Foi também professor-visitante da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos.
 
Em 1989, aos 37 anos, publicou, seu primeiro romance, “Relato de um Certo Oriente”. Voltou a morar em São Paulo em 1998, onde fez doutorado em teoria literária na USP.

Publicou, ainda, “Dois Irmãos” (2000) e “Cinzas do Norte” (2005). Seus três romances foram ganhadores do Prêmio Jabuti, um dos mais importantes do país. Muitas de suas histórias foram traduzidas e publicadas em outros países.

Hatoum, que ocupa lugar de destaque entre os autores de sua geração, lançou em 2008 a novela “Órfãos do Eldorado”.