28 de agosto de 2008







MUDO


Se a boca
Beija
Também
Pode ficar muda
- entre a saliva
E o fosso (transborda)
Da laringe – garganta
(mordaça)
Paladar sem prazer
Sem língua.
Albert Araujo
28-08-08

12 de agosto de 2008

ESPAÇOS






ESPAÇOS


Sinto-me
Um pássaro sem asa
Quando abro o armário
E não encontro o espaço
(do sorriso sorridente)

Vou pelas ruas
No dia seguinte
E minhas roupas
Estão nuas

Não tenho documentos
E diante da porta do armário
Eu não encontro o espaço
(do amor verdadeiro)
Da gravidade
Da verdade compartilhada
Do véu da juventude.

ALBERT ARAÚJO
07-08-08
SITE: www.albertaraujo.recantodasletras.com.br

MOINHO DE VENTO








MOINHO DE VENTO

“Terrível! Esta fronteira de pedra ergue-se...
Ofende/ os que desejam ir para onde lhe prouver/
Não para túmulo de massa/ um povo de pensadores.”
Volker Braun, 1965.

Vento,
Ventania
Leva-me daqui
De preferência
Para aquele arranha céu
Da esquina
Porque lá é forte
É capaz de amar
Vento, ventania...
Meus papéis escritos
Minha costa larga
Minhas veias
E o meu olhar inteligente
Se não obtiver repostas
Lembre-se do muro de Berlim.


ALBERT ARAÚJO
07-08-08
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GRAFITE






GRAFITE


O teu nome
Nos capítulos do livro
Centenas de hieróglifos incoerentes
Quero as vogais
As consoantes
Para formar
O teu nome
No grafite do banheiro
É bom é gostoso rimar
Fecundarei teus olhos
No poema.

ALBERT ARAÚJO
07-08-08

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PENSO










PENSO


Vida,
Luz de fogo
Uma taça sem esperança

Conheço os passos
Dessa estrada
Cada veia
Cada capítulo

Nervos tristes
Cabeças espatifadas
No asfalto
Da minha solidão

Penso na dor
Na pessoa amada
Na minha pessoa
Na Adriana Calcanhoto.


ALBERT ARAÚJO
07-08-08

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9 de agosto de 2008

NOTURNO








NOTURNO


Amargo sem fim, uma
Rua mergulhada
No mergulho da chuva

A chuva cai
Atravessa a vida
Atravessa a calçada
E vai andando

Cai diante de mim
Uma noite vermelha
E os olhos da alma
Molha-se na chuva

A lua nova vai pela
Beira do céu
A lua cheia aparecerá
Logo após a noite
De domingo.



ALBERT ARAÚJO
07-08-08

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