17 de novembro de 2008


SAUDADE



Saudade
É uma ausência acinzentada
Que atropela o coração
Deixando uma crosta dolorosa
E emudecida no canto do peito esquerdo


Saudade
É uma efígie fria que se acortina
No chão da alma
É uma coisa torrificante
Que dilacera a região ladrilhada
Por onde percorre a cachoeira
Sanguínea


Saudade
É uma angústia espiralizada
Que enlaça os dias que faltam
Para se ver a pessoa amada
É a irmã gêmea da tristeza
Que vem em instante em instante
E não sabemos quando findará


Saudade
É um beijo estéril esquivado em soluço
Que o céu somente aflama
Quando quem se ama aparece.


ALBERT ARAÚJO
16-04-08
site: www.albertaraujo.recantodasletras.com.br

28 de agosto de 2008







MUDO


Se a boca
Beija
Também
Pode ficar muda
- entre a saliva
E o fosso (transborda)
Da laringe – garganta
(mordaça)
Paladar sem prazer
Sem língua.
Albert Araujo
28-08-08

12 de agosto de 2008

ESPAÇOS






ESPAÇOS


Sinto-me
Um pássaro sem asa
Quando abro o armário
E não encontro o espaço
(do sorriso sorridente)

Vou pelas ruas
No dia seguinte
E minhas roupas
Estão nuas

Não tenho documentos
E diante da porta do armário
Eu não encontro o espaço
(do amor verdadeiro)
Da gravidade
Da verdade compartilhada
Do véu da juventude.

ALBERT ARAÚJO
07-08-08
SITE: www.albertaraujo.recantodasletras.com.br

MOINHO DE VENTO








MOINHO DE VENTO

“Terrível! Esta fronteira de pedra ergue-se...
Ofende/ os que desejam ir para onde lhe prouver/
Não para túmulo de massa/ um povo de pensadores.”
Volker Braun, 1965.

Vento,
Ventania
Leva-me daqui
De preferência
Para aquele arranha céu
Da esquina
Porque lá é forte
É capaz de amar
Vento, ventania...
Meus papéis escritos
Minha costa larga
Minhas veias
E o meu olhar inteligente
Se não obtiver repostas
Lembre-se do muro de Berlim.


ALBERT ARAÚJO
07-08-08
SITE: www.albertaraujo.recantodasletras.com.br

GRAFITE






GRAFITE


O teu nome
Nos capítulos do livro
Centenas de hieróglifos incoerentes
Quero as vogais
As consoantes
Para formar
O teu nome
No grafite do banheiro
É bom é gostoso rimar
Fecundarei teus olhos
No poema.

ALBERT ARAÚJO
07-08-08

SITE: http://www.albertaraujo.recantodasletras.com.br/


PENSO










PENSO


Vida,
Luz de fogo
Uma taça sem esperança

Conheço os passos
Dessa estrada
Cada veia
Cada capítulo

Nervos tristes
Cabeças espatifadas
No asfalto
Da minha solidão

Penso na dor
Na pessoa amada
Na minha pessoa
Na Adriana Calcanhoto.


ALBERT ARAÚJO
07-08-08

SITE: http://www.albertaraujo.recantodasletras.com.br/.

9 de agosto de 2008

NOTURNO








NOTURNO


Amargo sem fim, uma
Rua mergulhada
No mergulho da chuva

A chuva cai
Atravessa a vida
Atravessa a calçada
E vai andando

Cai diante de mim
Uma noite vermelha
E os olhos da alma
Molha-se na chuva

A lua nova vai pela
Beira do céu
A lua cheia aparecerá
Logo após a noite
De domingo.



ALBERT ARAÚJO
07-08-08

site: http://www.albertaraujo.recantodasletras.comb.r/

30 de julho de 2008

NOITE BRILHANTE









NOITE BRILHANTE



Uma doce canção
Fiz do meu canto
De cima para baixo a
Bordei de luz crepitante

Uma beleza outonal surgiu
No crepúsculo de outono
Um animal luzente
De grandes asas a bater
Pelo céu...

Noite brilhante
Capturada pelo broto das acácias

Monumentos de intemporais brilhos...
Noite, noites...
Gemidas brisas nas colinas...
E um carro correndo contra mão.

De repente o que era brilho
Fez-se chama ardente
Do mundo um caminho
Para os meus errantes pés
Caminharem.
ALBERT ARAÚJO
30-07-08
htpp://omelhordaweb.com.br/

29 de julho de 2008

UM MUNDO MELHOR







UM MUNDO MELHOR



Vastos pensamentos
Vêm-me numa noite clara
Pura caminhada que me leva
A profundidade de meus sonhos
Sonhos coloridos que paira sobre
A tela de minha memória

As nações, os animais...
Hão de serem livres
E com grandeza ativa
Para serem compreendidos
Nas suas amplidões carnais

Meus olhos hei de verem
Se transformarem em símbolos
Ressonantes na natureza

Coisas que não vemos
E nem sentimos devido
A covardia de déspotas

E quando eu sair por aí
Quero ver o amor abri
Perspectivas cheias de
Claridades novas
Nos corações dos animais
E nações...

Este é meu anseio
Este é o meu pensamento
Que se adéqüe ao mundo...


ALBERT ARAÚJO
29-07-08

UM GRANDE AMOR











UM GRANDE AMOR



O meu amor...
Hei de crescer como as águas
Que tecem a natureza
Como o calor dos ninhos
Que aquecem os pássaros
O meu peito transformar-se-á
Em feltro absoluto
O meu intimo tragam ao mundo
Matérias vergônteas sólidas
Considerar o meu corpo como
Tua moradia
E o meu amor a tua felicidade
Intimidades...
Vidas vividas,
Escritas no livro da eternidade.


ALBERT ARAÚJO
29-07-08

19 de julho de 2008

DEZEMBRO


DEZEMBRO


Não adianta essa tua
Serena fúria
Chegar-me grávida
Está claro, bem claro
Que o teu mistério
Sempre pinta em dezembro
E nos outros meses se cala

Traduzi o rumor sombrio
Das cortinas de ferro
Mas fiquei sem antídoto

Investiguei...
Urrei diante da tua porta
Mas algo me contagiou
Por dentro
De sangue fresco
Arrastei a poltrona
Aveludada de meu âmago
E com ares de um grande Deus
Escrevi versos com palavras de luz
E interpretei o gosto de teus
Olhos negros.
ALBERT ARAÚJO
19-07-08

18 de julho de 2008

LÂMPADA NOTURNA










LÂMPADA NOTURNA


Sabe-se que o Sol é o grande iluminador
Do mundo...
Mas de certo a lâmpada noturna gera
O centro gravitacional poético
A lua, ah... A lua é sem dúvida uma musa
Dos poetas.

Tudo pode ser flexível
Tudo pode se correlacionar no mundo
Por assim dizer;
O céu a terra nos alimentam
De imagens belas
E no coração dos que amam acende
O sol – lâmpada – lâmpada – lua
E por fim
Quando amamos o nosso semelhante
Tudo se torna iluminado.
ALBERT ARAÚJO
18-07-08

16 de julho de 2008





CONCEITOS VIVIDOS


Digas-me falas-me de teu conceito
Da tua transcendência
Simplesmente quero desenhá-los
Na palma da minha mão

Os caminhos mudam com o tempo
E o coração constrói o mundo

Todos os dias nós precisamos
De uma página escrita de céu
De vida e de morte

No mundo a imaginação os conceitos
São absorvidos pela a geometria do tempo

Mas o ninho a moradia nunca acaba
Evidentemente o sol vai embora todos os dias
No fim da tarde.
Albert Araújo
15-07-08

12 de julho de 2008










O FIM DO MUNDO

Pensem no que poderá acontecer...
Com essas flores sem perfume
Com essas montanhas esfarrapadas
Com essas areias desérticas... Rios mortos.

Onde estará o encanto?
Das quatro estações...
Da sombra da árvore milenar
As planícies e planaltos

Poderemos perder essa chama!...
Os signos da dimensão da luz
(luz inexata)
A secura te afogará no futuro!...

Lembras quando?
A água fluía naturalmente e tinha
Uma espécie de doçura no coração
As imagens tomavam contas dos lugares
E toda luz era refletida do sol...
O espaço era o amigo nas horas difícieis
O habitat uma constelação...
Ouro e diamantes eram guardados na natureza.

ALBERT ARAUJO
11-07-08

27 de junho de 2008

CIDADE CONCRETA








Vago segredo
Prisioneiro das sombras
Desenho de giz
E o mundo inteiro
Que carrego no peito

O jogo do inquieto silêncio
É a armadilha que me perco

Recupero o meu alento
E há dentro de mim
Um sagrado contentamento

A cidade é concreta...
O tempo atravessa o vento
E mergulha em meu pensamento

Há dentro de mim
Um rio que ordeno, governo

Agora
O que me alegra mesmo
É o desejo
Que minha cidade nunca envelheça.
ALBERT ARAÚJO
27-06-08

19 de junho de 2008

SANGUE, VÔO E PAZ...







Sangue...
As pedras pulsando
No azul do mar

Vôo...
Os pássaros pousando
Na árvore milenar

Paz...
O coração pedindo
Abrigo na manhã grená

Sangue...
Os verdes olhos fitando
A imensidão crepuscular

Paz...
O amor repousando
No peito dos imortais

Sangue
Vôo
Paz...


ALBERT ARAÚJO
16-06-08
SITE: www.albertaraujo.recantodasletras.com.br

18 de junho de 2008

AMO A VIDA





Amo essa minha capacidade
De amar a vida
Essa infinita amizade sincera

Amo o sol...
Esse repouso noturno das aves
Esse som celeste
Esse sentimento poético

Amo esse diálogo cotidiano das pessoas
Essa minha curiosidade de cinema
Essa terrível coragem diante do medo

Amo esse meu desejo de ser feliz
E essa minha loucura de te amar.



ALBERT ARAÚJO
16-06-08

17 de junho de 2008

O AMOR ME QUEIMA...









O AMOR ME QUEIMA...





A tua língua
É como uma espada
Vejas como ela me dilacera
Pelo mar, pelo o céu...
Levando-me a loucura
Indicas-me o teu caminho,
Por esta sorridente noite
Quero chegar ao teu leito
Antes que a chuva rompa
Esta estrada silenciosa
Escuta o meu coração
Ele te chega galopando
E quer te levar para longe
O amor me queima...
Deixas que minha boca
Coroe a tua boca
Com meus beijos deliciosos
Prometo que por esta noite
Debaixo de teus olhos azuis
Descansarei...
ALBERT ARAÚJO
17-06-08
SITE/BLOG:www.albertaraujo.recantodasletras.com.br

16 de junho de 2008












ETERNO ABRIGO II



Cai a tarde
E a minha garganta está
Num relento abismal
Trazes os restos da
Minha existência

Meu amor, o que tu encontrares,
Podes trazer-me
As algas, rochas e pássaros...

Nada de ficares em dissabores
As alturas dos céus eu te trarei
Em um ramo de lírio orvalhado

Deixas que eu voe até o infinito...
Eu te trarei o céu azul

E nesse instante
A lua radiosa está me sorrindo

Dá-me o teu amor
A primazia do outono
As águas encantadas dos
Lagos aprendizes
E na aurora
Quero o sabor de ti
Quero sabor do teu ar puro

Ensinas-me o caminho de como
Chegar aos teus beijos
Seguirei sozinho
Rolando qual a chuva ao cair na terra
E tal qual a primavera
Que ofertas flores no amanhecer

Despertarei a tua boca
Com meus beijos
E da tua intima vida
Farei o meu eterno abrigo.
ALBERT ARAÚJO – 14-06-08

14 de junho de 2008

ASSIM QUE TE AMO











ASSIM QUE TE AMO






Mesmo com essa distância férrea

Posso alcançar a tua estrela


Mesmo com esse vazio, mas jubilar...

Posso descrever o amor


Mesmo com essa alma cega

Posso atravessar o fosso


Aprendi que posso ir o mais

Profundo possível

Das imediações terráqueas

E fisgar os teus olhos

Da cor do mar

Se me crucifico para

Dá-te o firmamento

Eu não me importo!...

Afinal para ti;

Sou o principio e fim

E é assim que te amo...
Albert Araújo-11-06-08



FLOR VERMELHA




No mundo...
Tira-me a comida, a água...
Se quiseres tira o ar que me nutre
Mas não me tiras,
A delicadeza e a maciez
Dessa flor vermelha...
Minha boca precisa de beijos
Meus olhos dessa fonte...
Minha vida toda eu andei procurando-a
Entre jardins e constelações
Subi escadas,
Cruzei montanhas...
Até que o mar me trouxe cansado
E tu chegaste a mim
Com essas asas de flor madura
Reconheci no exato momento
Essa tua pele de camélia,
E agora que te encontrei
Não te largarei jamais
Quero sentar a beira do cais
Contigo olhar a imensidão dos oceanos
Sairmos distribuindo
Palavras verdadeiras pelo mundo afora
E com as minhas mãos sonoras
Desenhar o amor
Até que tua beleza
Enchas a primavera...



ALBERT ARAÚJO
11-06-08

SITE: http://www.albertaraujo.recantosdasletras.com.br/


ETERNOS BEIJOS










ETERNOS BEIJOS





Entrei no quarto
Acendi o abajur
O fio da navalha
Tremia como o coração
Do frio ao fogo

Um clima de ouro
Caia as margens
Do oceano branco
Algas, rochedos e matagais...
Grafitaram em minha mente

Um gato pode ter sete vidas
E um pássaro cantar
A noite inteira
Sem pedir dinheiro

Mas...
O que pode ser concreto
Ou até mesmo irreal
São os teus beijos...
Que para mim serão eternos.

13 de junho de 2008







MULHER III



Plena e absoluta...
Claridades e relâmpago primoroso
Eterna paixão sonora
Virgem...
Deusa...
Luz suprema...

O amanhã te espera...
E as flores te festejam...

Talvez tu consumas todo meu universo
Com este te raio selvagem
Mas, amo-te...
E o teu amor rouba a chave
Do meu sossego

Hoje;
As minhas manhãs
São de carne e osso

As tardes
De beijos doces e oceano branco

As noites
De desejos ardentes
Frutas maduras e fogo.

14 de janeiro de 2008







CANTO, CANTAR... CANTIGAS...



Canto
Cantar
Cantigas
Quero cantar cantigas num canto...

Hoje vejo o amor aos meus pés
E o seu desejo é maduro
Ele tem as portas abertas
Para um mundo verde

Quero cantar cantigas num canto...
Celebrando o teu cantar
Ouvindo tuas cantigas
Embalando todo o meu pranto

Ando um velho triste
Varando os pedregais da tua noite
Mas quero continuar a ouvir teus cantos

Levar comigo tuas cantigas
Na eternidade do tempo
Eternamente vida afora...







O POEMA ETERNO


O beijo da noite
Molhou o meu sorriso triste
O olfato da madrugada
Farejou o meu mundo de asfalto

O véu do amanhecer
Tateou o meu livro do silêncio
E todo o universo
Nas horas mais impróprias

Devolveu o mistério
Onde tu em silêncio
Costumas devorar
Minhas palavras

Foram tantos os minutos
Que eu te esperei
Que na brisa da tarde
Eu vi o poeta recitar meus poemas

Degustando meus poros deslumbrado
Que quando minha voz calar
Lá pelas tantas
Milhas de vidas serão vividas

Minhas palavras serão
O consolo das tuas horas insanas
Ou até quem sabe das tuas horas de solidão

Só assim estarei em paz
Aspirando teu incomparável perfume
E encharcado do teu ser
Serei eterno nesta poesia...



12 de janeiro de 2008


UM NOVO AMOR

Tudo bem
Meu coração está alhures
Na madrugada sinto teus olhos
Feito a lua a me vigiar

Só não posso te seguir
Tive loucuras
Insanidades, e até desvario
Então estou de ti partindo

Desancorando da tua aventura
Estou ancorado em outro cais
Na verdade, outra lua me ilumina
Acordando a minha madrugada

Esperarei
Amanhã acordar mais cedo
E olhar o sol que disperso
Espalhará todo seu brilho na minha janela

Não quero adormecer na dor
Quero permanecer no amor puro
Que acabou de chegar...







O APELO...


Não sejas mau
Não me fale de sofrimentos
Se todo o meu ser está eternizado
No porta-retrato da tua sala

Não sejas mau
Não me fale de angústias
Se todo o meu ser está azulejado
No solo da tua cozinha

Não sejas mau
Não me fale de tristezas
Se todo o meu ser está emoldurado
No espelho do teu quarto

Não sejas mau
Não me fale de feridas
Se todo o meu ser está cicatrizado
Nas pirâmides do teu ser....
Então não sejas mau...

PARA QUE EU POSSA MORRER FELIZ UMA POESIA DE ALBERTO ARAÚJO.








PARA QUE EU POSSA MORRER FELIZ



O voo do pássaro cantante

A pérola de um beijo hermético

O habitat das esmeraldas



Tenho comigo guardado

Para dar-te em delícias e doçuras

Minha janela está aberta

Aguardando o teu bom dia



Minha porta tem

O sorriso eterno e inefável

A água que bebes

Reabilita minha morada



E no eflúvio das ondas dos mares

Entre o céu e terra

Se expressa um espetáculo

Do teu mundo concreto



Só assim

Quase no fim da primavera

Trazes tua pele aveludada

Para que eu possa beijar e morrer feliz...



albertaraujo.recantodasletras.com.br/














A SEMENTE CHAMADA AMOR





Uma semente do amor

Germinou em meu peito

Era um dia de nuvens cinzentas



Chegou a tarde acesa e sorridente

E meu ser se fez feliz

Debruçando-se em águas mansas



Os meus olhos ficaram em festa

Ganhando um brilho intenso

Que parecem sorrir para o nada



Tudo em mim fala de flores

De películas românticas

De coisas comuns

De novos amores



Quando à noite a lua banha minha pele

Reverberando a química do meu farol

Sempre aceso ilumina teus caminhos

Que tomara te traga para mim...


ALBERT ARAUJO -03-08-08